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Um Jornal Católico na Impressa Abolicionista Brasileira

Foto do escritor: Daniel Jorge MarquesDaniel Jorge Marques

"O Apóstolo", era o mais importante periódico católico do século XIX no Brasil, fundado em 1866 pelo monsenhor José Gonçalves Ferreira,


A chamada Questão Servil entrou novamente

nos debates nacionais a partir de 1883 – ano que Robert Conrad considera o reinício da luta antiescravista. É o começo da organização de clubes emancipacionistas e o avanço da campanha pela imprensa.


O setor já hegemônico do clero da Igreja Católica passara a engajar-se claramente no processo abolicionista. Esse movimento é possível de constatação nas páginas do jornal "O Apóstolo", nas quais ficam expressos

os princípios que norteavam a defesa da emancipação e deixam evidente que sociedade queria para o Brasil esse grupo católico.


"O Apóstolo" defendia que o escravo precisava ser educado e instruído porque só assim poderia ocupar-se de atividades que certos setores queriam entregar aos imigrantes, que o jornal católico considerava um perigo para a Igreja. Encher o Brasil de europeus, melhor ainda se protestantes, era um dos objetivos mais claros de grande parte dos jornais que defendiam a emancipação, algo que a Impressa Católica era contra.


Publicava ainda textos oficiais do bispo da corte, dom Pedro Maria de Lacerda, e do Papa Leão XIII, condenando a Escravidão. Sempre na primeira página, na qual saíam ainda um folhetim, típico da época, e o editorial, então conhecido também por artigo de fundo, que sai em todos os números sob a vinheta "O Apóstolo"


Os padres Fernando Thiago Esberard e João Scaligero Augusto Maravalho eram os editores do Jornal durante a campanha Abolicionista. Scaligero Maravalho

era um antiescravocrata conhecido desde os tempos em que atuara no Ceará como pároco em Quixadá, nos anos 1870. Essa certamente é uma das razões pelas quais o jornal acompanha com atenção o processo de emancipação cearense. Renata Batista o cita como proprietário do jornal, associado ao padre Jose Alves Martins do Loreto.


Passa então a publicar a concessão de alforrias por leigos ou padres católicos ou por intervenção eclesiástica. É o que faz logo nos primeiros dias de janeiro: “Manumissões – o Padre Germino Walfredo de Souza Gurjão, vigário de Panelas, concedeu carta de liberdade a três escravos, Joaquim Secundino, Manoel e Maria”


As notícias demonstram a ideia que o jornal

tinha do ato de alforriar os escravos. Em 1882, por exemplo, informa que José Albano Sobrinho libertou dois escravos no dia de sua ordenação sacerdotal, 19 de março, e que a medida provocou uma onda de alforrias no Ceará, que Aboliu a Escravidão em 1884.


Após a Lei Áurea o Jornal defendia a ligação dos escravos alforriados à propriedade, como mão-de-obra assalariada, evitando a necessidade da imigração em massa de europeus ao Brasil e evitando uma crise econômica e social no País pós-Escravidão.


Na Famosa Missa Campal do Dia 17 de Maio de 1888, correspondentes e membros da Redação do Jornal Católico, os Padres José Alves Martins do Loreto, Luís Raimundo da Silva Brito, José Vicente de Azevedo e Joaquim Sampaio Castelo Branco estiveram presentes ao lado da Princesa Isabel. Fonte: A emancipação dos escravos no Ceará em um jornalcatólico/Flores, votos e balas: O movimento abolicionista brasileiro (1868-88)

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